O risco que corre o setor de saúde suplementar

O Setor de Saúde Suplementar vem sofrendo constantes mudanças que afetam todo o mercado nacional desde o marco regulatório advindo da Lei 9656.

A cada ano surgem resoluções e instruções normativas que alteram toda operação, as quais, em muitos casos, trouxeram ordem, organização, transparência e até justiça. Sem contar com a ampliação da cobertura do rol de procedimento que já é esperada a cada dois anos.

Além das interferências do judiciário muitas vezes necessárias, nos últimos anos e especialmente em 2018, o setor sofreu manifestações e intervenções contundentes de órgãos e institutos de defesa do consumidor, em dois principais temas, sendo eles reajustes de contratos individuais/familiares e mecanismos de regulação, ao ponto de, ineditamente, ocorrer a suspensão de uma norma publicada.

Diferente de tudo isso, não vejo em noticiário de telejornais matérias que informam dados públicos do desempenho das operadoras, como por exemplo o IDSS que é publicado anualmente, ou até mesmo dados acerca da margem de lucro obtido pelas operadoras a cada exercício.

Vejo conteúdo divulgados por instituições que pouco ou nada entendem do setor e que se em comparado com qualquer outro ramo trará resultados mínimos absurdamente superiores aos que observamos e acompanhamos das operadoras do mercado.

Traçar objetivos estratégicos projetando margem de lucro perto de 5% em um ramo de varejo por exemplo é algo que pode ser considerado um absurdo. Por outro lado, podemos contar no dedos as operadoras que nos últimos anos atingiram esse resultado.

Enquanto a ANS, demais órgãos, institutos, operadoras, contratantes e beneficiários aguardam decisões e/ou discutem percentuais de reajustes e modelos de mecanismos de regulação é necessário repensar o tamanho do risco que corremos. Os custos assistências, as frequências de utilização aumentam constantemente, as obrigações financeiras das operadoras são impostas pelo órgão regulador, a inadimplência e a cobertura de eventos não previstos contratualmente afetam diretamente o desempenho financeiro das operadoras.

Muitas operadoras, em especial as do interior do país e de pequeno e médio portes estão repensando em se manter ou não como operadoras de saúde, umas estão se tornando prestadoras de serviços, outras estão sendo liquidadas. O número de beneficiários diminui gradativamente a cada mês e saúde pública já não suporta a demanda atual.

Corremos todos um grande risco, e isso também precisa ser discutido.



Lenisa Spinola
Gestão de Negócios

Sobre a interferência do judiciário no setor:

Ninguém entendeu nada - decisão Carmem Lucia - RN 433


Data da notícia: 09/08/2018

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